quinta-feira, 18 de março de 2010

Profissões Verdes


Proteger baleias, eliminar desperdícios, reciclar lixo. É vasto o mundo das ações e empregos naturebas, mercado que cresce ano a ano


Foi quebrando a cabeça todos os dias para aumentar a reciclagem de caixinhas longa vida que Juliana Seidel desenvolveu uma ferramenta incrível: o site rota da reciclagem. Utilizando o Google Maps, o endereço mostra qual o ponto de coleta seletiva de lixo mais próximo da casa de qualquer pessoa, em todo o Brasil. Especialista sênior em desenvolvimento ambiental da Tetra Pak, Juliana tem uma rotina bem variada. Em um dia pode estar numa reunião para convencer industriais engravatados dos benefícios ecológicos e financeiros de reutilizar seu produto – e transformá-lo, por exemplo, em caixas de papelão ou plástico para confecção de vassouras, canetas e telhas. E, em outro, numa conversa com catadores de lixo de cooperativas para melhorar a coleta. O trabalho tem dado resultados. Em 2008, Juliana conseguiu que 26,6% das caixinhas descartáveis fossem recicladas em todo o país.


AGORA É SÉRIO


De cinco anos para cá, as empresas têm investido mais seriamente em programas ambientais. A mudança se deve em grande parte à aplicação de rigorosas leis a favor da causa verde – com base nelas a justiça passou a aplicar multas de até R$ 50 milhões para companhias poluidoras. A pressão cada vez maior dos consumidores por iniciativas sustentáveis é outra poderosa aliada. Ser percebida como ambientalmente responsável vale muito hoje no mercado.


Uma das consequências desse processo é o aumento gradativo das oportunidades de emprego ligadas à melhoria do meio ambiente. Levantamento feito no Brasil pela Organização Internacional do Trabalho (OIT) em dezembro de 2008 mostra que já existem 2,6 milhões de postos verdes no país, o que representa 6,73% do total de empregos existentes em todo o território nacional. De 2007 para 2008, o número de empregos verdes subiu 6,77%.


Dentro do segmento verde há uma infinidade de caminhos profissionais. Você pode atuar comogestora, engenheira, auditora, advogada, educadora e até contadora voltada especificamente aomeio ambiente. Ou seja, mesmo que se forme em algo que aparentemente nada tenha a ver com a proteção da natureza, pode trabalhar a favor dela. Se ainda está escolhendo uma faculdade, saiba que há cursos recentes de graduação na área de gestão, engenharia e direito ambiental. Para ser uma auditora ou contadora ambiental, é necessário fazer curso de extensão ou especialização na área. Isso sem falar nos caminhos mais tradicionais, como agronomia, biologia, geologia, engenharia florestal ou ecologia.


AR LIVRE OU ESCRITÓRIO?


Analista de gestão integrada da empresa de tecnologia Siemens, Juliana Odoni é responsável por gerir ações de meio ambiente e de qualidade da empresa, onde trabalha há um ano e nove meses. Uma de suas tarefas é cuidar para que o escritório da companhia em São Paulo cumpra as metas de redução de consumo de água e de energia impostos pela matriz, que fica na Alemanha. “Trocamos as válvulas de descarga dos banheiros e substituímos os interruptores de luz por sensores de presença”, explica ela, que também se empenha para que o escritório paulista cumpra os requisitos para a manutenção do certificado ISO 14001, garantia de eficiência em gestão ambiental.


Profissionais como Juliana passam o dia na cadeira do escritório às voltas com relatórios e tabelas. Quem prefere trabalhar ao ar livre pode seguir caminhos como o da bióloga Leandra Gonçalves. Apaixonada pelo mundo marítimo desde criança, ela achou o emprego dos sonhos ao ser contratada há três anos pelo Greenpeace, onde é coordenadora de campanha sobre oceanos. Foi graças à ONG que realizou uma das maiores aventuras de sua vida ao participar de uma expedição internacional de quatro meses pela Antártida para denunciar ao mundo o assassinato das baleias.


Embora a caça seja proibida, os japoneses continuam matando mil desses mamíferos por ano.


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